A evolução da ciência segundo Popper
Podemos dizer que o crescimento do nosso conhecimento é o resultado de um processo muito parecido com aquilo a que Darwin chamou «selecção natural», ou seja, da seleção natural de hipóteses: o nosso conhecimento consiste, em cada momento, naquelas hipóteses que mostraram a sua aptidão (comparativa) ao sobreviver até agora na sua luta pela existência, uma luta competitiva que elimina as hipóteses inaptas.
Podemos aplicar esta interpretação ao conhecimento dos animais e ao conhecimento pré-científico. O que é peculiar no conhecimento científico é o seguinte: nele torna-se mais dura a luta pela existência através da crítica consciente e sistemática das nossas teorias. Deste modo, enquanto o conhecimento dos animais e o conhecimento pré científico crescem sobretudo através da eliminação daqueles que mantêm as hipóteses inaptas, a crítica científica faz frequentemente as nossas teorias perecerem em vez de nós, eliminando as nossas crenças antes que essas crenças conduzam à nossa eliminação.
Karl Popper, Conhecimento Objetivo
EVOLUÇÃO E OBJETIVIDADE DA CIÊNCIA
Progresso científico - eliminação das teorias menos aptas
A ciência progride através de um processo seletivo de eliminação de erros, onde teorias anteriormente corroboradas são, por fim, falsificadas e substituídas por outras.
o Quando uma teoria foi refutada por testes experimentais e é substituída por uma conjetura que resistiu a testes severos sendo corroborada, há progresso científico
o Hoje estamos mais próximos da verdade do que há séculos atrás porque conjeturas mais falsificáveis foram refutadas, foram-se eliminando erros.
As conjeturas que resistem ao teste da crítica e da falsificação aproximam-se da verdade.
O progresso científico mede-se aproximação à verdade objetiva.
A ciência tem como meta a verdade que é inalcançável:
o As teorias são conjeturas, nunca se provam definitivamente
o Uma teoria origina novos problemas
Racionalidade científica e objectividade
Adoção de uma atitude crítica em relação às teorias científicas, sujeitando-as a testes que as refutem
A verdade ou falsidade de uma teoria é independente de crenças ou opiniões e depende apenas da sua a correspondência aos factos
A teoria científica resulta de critérios objetivos - a resistência aos testes empíricos. ciência é objetiva porque uma conjectura é sujeita a testes severos independentemente do cientista que a propõe e do contexto social.
A evolução da ciência segundo Kuhn
ciência normal, a atividade em que, inevitavelmente, a maioria dos cientistas consome quase todo o seu tempo, constitui-se na suposição de que a comunidade científica sabe como é o mundo. Grande parte do êxito da pesquisa deve-se ao facto da comunidade se encontrar disposta a defender essa suposição, mesmo que seja necessário pagar um preço elevado. A ciência normal, por exemplo, suprime frequentemente inovações fundamentais, devido a permanecerem demasiado subversivas relativamente às suas crenças habituais.
No entanto, (...) a própria natureza da investigação normal assegura que a inovação não seja ignorada durante muito tempo. Por vezes, um problema normal que deveria resolver-se por meio de regras e procedimentos conhecidos, opõe resistência aos esforços persistentes dos mais notáveis especialistas. Outras vezes, um instrumento concebido e construído para a investigação normal não dá os resultados esperados, revelando uma anomalia que, apesar dos esforços repetidos, não corresponde às esperanças profissionais.
A ciência normal perde-se muitas vezes nestes e noutros embaraços. E quando se acumulam, isto é, quando a comunidade de cientistas não pode passar por alto as anomalias que subvertem a tradição existente das práticas científicas, iniciam-se investigações extraordinárias que levam, por fim, à adoção de um conjunto de crenças, a uma nova base para a prática da ciência.
Os episódios extraordinários em que têm lugar essas mudanças de paradigmas, são denominadas neste ensaio por revoluções científicas.
Kuhn, A Estrutura das Revoluções científicas
A evolução da ciência segundo Kuhn
A ciência normal, a atividade em que, inevitavelmente, a maioria dos cientistas consome quase todo o seu tempo, constitui-se na suposição de que a comunidade científica sabe como é o mundo. Grande parte do êxito da pesquisa deve-se ao facto da comunidade se encontrar disposta a defender essa suposição, mesmo que seja necessário pagar um preço elevado. A ciência normal, por exemplo, suprime frequentemente inovações fundamentais, devido a permanecerem demasiado subversivas relativamente às suas crenças habituais.
No entanto, (...) a própria natureza da investigação normal assegura que a inovação não seja ignorada durante muito tempo. Por vezes, um problema normal que deveria resolver-se por meio de regras e procedimentos conhecidos, opõe resistência aos esforços persistentes dos mais notáveis especialistas. Outras vezes, um instrumento concebido e construído para a investigação normal não dá os resultados esperados, revelando uma anomalia que, apesar dos esforços repetidos, não corresponde às esperanças profissionais.
A ciência normal perde-se muitas vezes nestes e noutros embaraços. E quando se acumulam, isto é, quando a comunidade de cientistas não pode passar por alto as anomalias que subvertem a tradição existente das práticas científicas, iniciam-se investigações extraordinárias que levam, por fim, à adoção de um conjunto de crenças, a uma nova base para a prática da ciência.
Os episódios extraordinários em que têm lugar essas mudanças de paradigmas, são denominadas neste ensaio por revoluções científicas.
Kuhn, A Estrutura das Revoluções científicas
A HISTÓRIA DA CIÊNCIA COMO SUCESSÃO DE PARADIGMAS
PARADIGMA
|
Conjunto de conceitos fundamentais e de procedimentos padronizados, aceites pela comunidade científica, que orientam e determinam a prática científica numa determinada época.
Elementos dos paradigmas: Leis e pressupostos teóricos fundamentais Regras para aplicar as leis à realidade Regras para usar instrumentos científicos Princípios metafísicos e filosóficos |
CIÊNCIA NORMAL
|
Ciência que se faz no âmbito de um paradigma; a atividade de resolução de problemas dirigida pelas regras do paradigma.
|
COMUNIDADE CIENTÍFICA
|
Comunidade em que os cientistas se inserem para desenvolver o trabalho de investigação, de acordo com o paradigma vigente
|
ANOMALIAS
|
Enigmas que resistem à tentativa de solução
|
CRISE
|
Período em que um número elevado de anomalias leva o paradigma vigente a entrar em rutura e a formar-se um novo paradigma.
|
CIÊNCIA EXTRAORDINÁRIA
|
Atividade científica que entra em rutura com o paradigma vigente e se orienta por outro paradigma.
|
REVOLUÇÃO CIENTÍFICA
|
Adoção de um paradigma novo por parte de toda a comunidade científica.
|
OS PARADIGMAS SÃO INCOMENSURÁVEIS, NÃO PODEM SER COMPARADOS
OBJETIVAMENTE DE MODO A DETERMINAR QUAL É O MELHOR
OBJETIVAMENTE DE MODO A DETERMINAR QUAL É O MELHOR
Não se podem comparar objetivamente dois paradigmas de modo a afirmar que um é superior ao outro porque são diferentes, com linguagens diferentes.
Um paradigma determina um modo de ver o mundo. Entre dois paradigmas existe um abismo que não é possível transpor.
Sem comentários:
Enviar um comentário